Destrincha a alma, Corta fundo na espinha, Inebria a garganta, Fere a quem quiser ferir*

terça-feira, 5 de julho de 2011
 A primeira ouvida, o que me chamou a atenção para "Saga" foi o tom meio tango da música, a primeira "prestada de atenção" foi a letra da música e em seguida me apaixonei pelo intérprete ao ver o primeiro vídeo. Filipe Catto é um artista completo, diferente de tudo o que vemos hoje em dia. Trava uma batalha com o microfone, emociona, os acordes parecem querer rasgar o coração antes de sair pela garganta afora.

Uma preciosidade da MPB atual. E agora com exposição nacional: sua música faz parte da trilha sonora da novela mais bem elaborada dos últimos tempos. Cordel Encantado, que se livra dos clichês sobre nordestinos, mostra o amor doce e ingênuo do sertanejo, uma qualidade técnica impecável, gravada no estilo de cinema e com uma trilha sonora impecável com nomes como Gilberto Gil e Roberta Sá, Zé Ramalho (na gravação original de Chão de Giz), Luiz Gonzaga, Nação Zumbi (do tempo de Science), Otto entre outras. E Filipe aparece em meio a esse monte de feras como mais uma delas.

Quem ouve não imagina que o EP não é um CD comercial. Agora é curtir o som e a perfomance de Filipe, já que para sentir toda emoção da música é preciso ver a interpretação. Pare uns minutos e delicie-se:





[A música de Filipe Catto é um estado de choque sublime. Você ouve e inevitavelmente é tragado por seu enredo, seu ritmo e sua emoção.

Interprete e compositor, o paulistano gaucho Catto começou sua carreira ainda muito novo cantando em pequenos eventos com o seu pai. Sempre incentivado pela família, seu dom musical teve inspiração de sobra para criar-se e se moldar-se livremente num corpo musical, único e autêntico.
Mais um disco para você, como eu, entrar de vez na música do nosso tempo, sem a menor vergonha.]

[Filipe Catto tem apenas 23 anos, mas sua relação com a música vem desde criança – afinal, seus pais são músicos. No entanto, começou a expor seu trabalho próprio em 2005, em um projeto literário-musical de Porto Alegre chamado Sarau Elétrico. A primeira música que gravou para distribuir para amigos e conhecidos – no estúdio que ficava em sua casa, presente do pai – foi “Glory Box” do Portishead, e assim deu início à sua carreira, no boca a boca da web.

Seu primeiro EP, “Saga” – que tem a qualidade de um CD comercial, mas com menos músicas –, tem uma mistura de sonoridades latinas, como samba e tango. Sua música é lírica, dramática e passional, e suas apresentações ao vivo beiram o teatral. “Busquei transformar lamentos melancólicos em dramas. A melancolia é cinza e opaca, enquanto o drama é quente e vibrante”, disse em entrevista ao "Jornal do Brasil".

A comparação de sua voz com a de Ney Matogrosso é óbvia e inevitável, porém verdadeira, com sua afinação e agudos limpos. E é dele a composição de todas as sete letras do disco, com exceção de “Ascendente em Câncer”, feita através de um texto de Fernando Calegari.

Se não fosse pela personalidade forte e as apresentações tão enfáticas, sua música poderia facilmente cair no brega, mas não é o que acontece. Suas letras são de extrema paixão, daquelas de vida ou morte, ame-o ou deixe-o. Como na letra da música “Saga”: “Se eu soubesse que o amor é coisa aguda, que tão brutal percorre início, meio e fim; destrincha a alma, corta fundo na espinha, inebria a garganta, fere a quem quiser ferir”.]

Colherada cultural 

Para saber mais sobre Filipe Catto:
Twitter: @FilipeCatto
Download do EP: Saga

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